Os fãs de K-Pop do Kwait parecem estar um pouco tristes. O
poema angustiado, anexo à torre de arroz, nos shows do Big Bang em Seul,
parecia meio deprimente para um show pop. A montanha de arroz doada pelo
fã-clube da Indonésia, por outro lado, adornava uma mensagem para a banda que
parecia um slogan de turismo: “NÃO PENSEM MUITO. APENAS VENHAM PARA A
INDONÉSIA”.
O que é uma torre de arroz de fã? O que é o Big Bang? Eu me
fiz as mesmas perguntas quando cheguei na Coréia do Sul, semana passada, para
assistir a um show de K-Pop no Estádio Olímpico de Seul. As torres de arroz são
isso mesmo: arroz, dos fãs. Como uma forma de demonstrar sua devoção, fãs de
K-Pop compram sacos de arroz para doar para suas bandas favoritas que, em
troca, doam para caridade.
No corredor do estádio de Seul, grandes fileiras de arroz
estavam alinhadas, cada uma com faixas indicando quanto foi arrecadado e qual
fã-clube apoiou, para os deuses do pop que estão para subir no palco: TOP,
G-Dragon, etc. O Big Bang é um dos maiores grupos do cenário pop coreano e para
seu primeiro show após meses, 12,7 toneladas de arroz foram doados por cerca de
50 fã clubes, ao redor do mundo.
Como eu sei disso?
Por que existe um mercado específico pra fazer esse arroz chegar até lá.
Seung-gu Roh, cuja equipe trabalhou durante 2 dias para que as torres de arroz
estivessem prontas para o show, entrou nesse ramo quando os fãs apenas
compravam buquê de flores para as bandas. Agora ele possui 24 escritórios pelo
país para ajudar na compra de arroz dos fazendeiros. Nos últimos 5 anos suas
vendas aumentaram 100% a cada ano, apesar que ele ainda insiste que não é um
ramo muito lucrativo. “Eu não ganho nada com isso” diz Roh, “Só faço por que é
uma coisa boa”.
Isso realmente faria dele a exceção. Em Seul, todos parecem
estar aproveitando a onda K-Pop. Enquanto os fãs aprendem as melodias e as
coreografias, turnês saem pela China e pelo Japão, trazendo milhares de pessoas,
de adolescentes a mulheres de meia idade, para assistirem os shows e fazerem
algumas compras enquanto isso. Lojas criam imitações das roupas caras, com que
as estrelas são vistas usando, reality shows buscam àqueles que poderão ser as
novas estrelas, dezenas de escolas em Seul ensinam os estudantes a se
prepararem para as audições rigorosas realizadas pelos empresários e agentes.
Kim Hyung Seok, um compositor e produtor conhecido, que dirige uma escola
musical, onde aspirantes a artistas vêm treinar canto e dança, admite que se
sente em conflito quando tem que cobrar taxas dos estudantes, que podem nem
chegar a entrar no meio. “Eu me pergunto será que é a coisa certa a fazer,
moralmente?” no final ele decidiu que educação não é apenas sobre sucesso comercial.
“Não se pode impedir as pessoas de fazerem o que quiserem fazer”.
Mesmo as agências, que administram a realeza K-Pop, admitem
que os negócios advindos da fama trazem mais dinheiro que a fama em si. Com uma
população de 48 milhões, a Coréia do Sul é um mercado relativamente limitado
comparado com o Japão, que compra a maior parte dos álbuns K-Pop fora da
Coréia. É por isso que muitas bandas K-Pop aprendem japonês e lançam álbuns na
língua. De acordo com CJ&Em, a empresa que produz o reality show “Superstar
K”, as vendas de álbuns geram em torno de 40% dos lucros. Os outros 60% advém
da comercialização de produtos com a marca dos artistas.
A renda limitada vinda das vendas dos álbuns é a razão pela
qual as três maiores agências – JYP, YG e SM – estão buscando expandir para a
América do Norte e América Latina, bem como para Europa. Se as torres de arroz
nos shows do Big Bang são alguma indicação, eles estão no caminho certo. Fãs de
diversos países doaram para o show. O aumento das doações dos fãs internacionais,
diz Koh, tem sido “bem significativo”. A questão que ele não pôde responder é,
o que os jovens do Kwait gostam no K-Pop. “Eu não sei”, ele respondeu sorrindo.
“Eu ia perguntar a mesma coisa”.
Fonte: krista mahr @ global spin
Tradução: Indyyy @ bigbangbrazil+KpopCuritiba
Nenhum comentário:
Postar um comentário